domingo, 31 de janeiro de 2010

suspiro

Virá
virar
girar
o giro
o moinho
terá
mãos
de
arqueiro
olhos
de oceano
alma
de gente
prosa
sincera
pernas
de andarilho
beijo
de poesia
sono
manso
sossego
de
rede
coracão
que toca
pés
que
andam
na terra
azul
virá?

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Passagem

Bem longe

embaixo
da América
bem Sul
ponta do mapa
outro mar
outro mundo
por ali
bem longe
tão longe
as mãos
nunca
estiveram
tão juntas




Claudia Corbisier

No baile

Foi mesmo?
a lua
escondida
as flores
quietas
o mar
dormia


Foi mesmo?


palavras falaram
sózinhas
sem colo
do coração
sem a ternura
dos amantes
no baile
do acaso


Foi mesmo?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sim?

Sonho
assim
passado revolto
ondas de ressaca
sim
medo da onda
me sumir
sonho assim
onda sem fim
sim
cansaço de sonho
sonho assim
sem trégua
nem régua
sim
sonho assim
sim
talvez
um dia
um fim?

domingo, 24 de janeiro de 2010

O Posto III

O posto
a postos
carrefour
de sonhos
caminhos
cigarros proibidos
não ali
no posto
a voz
abastece
o coração
aflito
calibra
a pressão
de longe
a vida
fica
mais leve

O Posto II

O posto
a postos
aposta
alforria
no combustível
da voz
do outro lado
do telefone
aposta
na vida
no posto
fica
a postos
voa
chega
no chão
enfim

O Posto

No posto
sem imposto
se impôe
a aposta
única
certa
vai
arrisca
viver
sem borracha
pega
a gasolina
enche o coração
pega a estrada
o caminho
certo

Moço

Vem moço
desce do mapa
pelas tuas veias
no contorno
incontido
de curvas
antigas
vem moço
por terras
mares
alcançar
a estrela
que se perdeu

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Assim

Vou sim
espera
agora
não sei
acordei
há pouco
um café
um olho
aberto
vou sim
espera
agora
lá fora
não sei
vai ver
sonhei

sábado, 16 de janeiro de 2010

O traço oblíquo
indica a  redenção
da elegia da reta
o ovo em pé
desafia dogmas
espanta
a verdade dita
desnorteia
a teia da  ilusão
a palavra certa
desencapa
a miséria da mentira
o gesto livre
apunhala
a servidão
o sorriso franco
confunde
a hipocrisia
a mão generosa
fere
os corações mesquinhos
o amor genuíno
assusta
os pobres de espírito
a alegria de criança
atormenta
os bem pensantes
o livre arbítrio
bombardeia
tudo que vale a pena
quando a alma é pequena

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

segundo

O peito
abriga
o cheiro
das cinzas
o ar
onde está?
volta logo
sem sinal
no vitral
sem reflexo
o peito
o cheiro
o ar
não estão.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Imagem

A flor inocenta o gesto
o ato impróprio
resignado enfim
enfeitiça
o gesto rebelde
no espelho manchado
a flor desfaz
as pétalas
das palavras secas
dedos escorrem
no corrimão azul
da casa vazia
o cheiro do absurdo
apaga
a última vela






Claudia Corbisier