sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Brinco de cor
de vida
de amor
de argola
colorida
preto e branca
da roleiflex
Brinco de bambolê
no molejo incerto
do reboleio
Brinco de menina
contente
de saia rodada
de tiara no cabelo
Brinco de mulher
de cabelo em pé
de batom forte
que vai com fé
Brinco de letra
nua
crua
que diz
que arranha
as entranhas
Vivo de viver
a palavra
que corta
que rasga
a máscara
do mundo

Claudia Corbisier

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cruzo
o mapa
Na linha
vermelha
Da veia
aberta
corto
rasgo
me faço
brisa
vento
furacão
Enfeitiço
o tempo
sem
ponteiros
corro
velejo
nas cores
miúdas
de cada
pedaço
do mundo
No galope
na garupa
do cometa
sem lupa
nua
crua
brinco
sem
argola
na viola
na toada
entoada
de uma
lua
encantada

Claudia Corbisier
Suando
no grito
rouco
acordou
era sonho
verdade
filme
TV ligada
Vizinho
sonho
do amante
vida
da noite
água
ducha
fria
chá
de
camomila
edredon
embaixo
da cama
em cima
sofá
cachorro
carente
querendo
brincar
janela
vizinho
dormindo
rua quieta
caminhão
de lixo
barulha
tudo
os sacos
que foram
agonia
não vai
suando
dormir
depois
bem depois.

Claudia Corbisier

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Na curva
do tempo
rasgo
a fantasia
escuto
a lágrima
do vento
solto
o leme
me lanço
fora
do trilho
procuro
a música
no silêncio
ganho
um
afago
da estrela
que
distraída,
brincou de roda
lá no céu.

Claudia Corbisier

sexta-feira, 27 de maio de 2011



Tem um hóspede
no coração
Será que
veio
pra 
ficar?
ela se pergunta
se penteia
se desnorteia
se combina
Fica bonita
de rainha
Fica alegre
de sombrinha
Fica corada
por um nadinha
Dança
tipo bailarina
Viaja
na pontinha
Brinca
de mocinha
Roda
de sainha
Suspira
de trancinha
Deita
de meinha
Sonha
ainda sózinha
Será que?

Claudia Corbisier

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Memória


Mãe é amparo.
Estaca fincada na terra
na chuva, molha
no sol, seca
com o vento balança.
Mas fica ali.
As vezes nem sabe
que apóia ilusões,
que gera sonhos
que aninha sossegos.
É ponto cardeal
início à revelia
corrimão
jacarandá de sobrado
sino de mesa
carrilhão tocando
conversas de antigamente.
É tristeza do que não foi
de perguntas esquecidas
É imagem desdobrável
guardada
entre pesares e canduras
no porta-retrato
da memória.

Claudia Corbisier
Poema publicado em "Os Olhos De Eduarda"
Editora Dublin, 2004

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Quero a vida assim
Amassada
Enrolada
Em papel de seda
Ou de jornal
Quero um colar bonito
De pérolas
Ou de botão
Quero um peito aberto
Cheio de cicatrizes
De lembranças
Do que foi
Do que não foi
Do que será
Quero as mãos raladas
mas
De unhas feitas
De cores diversas
Sempre abertas
Quero as pernas bambas
De sonhos insuspeitos
Dos carinhos exagerados
Quero o amor maior
A paixão que transtorna
Que transborda
Quero o fio da navalha
A faca que corta
O que não faz sentido
Quero o suor pingando
Das lutas reais
Quero da vida
O pedaço
Que mais arde
Que enlouquece
Quero o mais difícil
O que é real
Quero a verdade
Da dureza da rocha
Do perfume da rosa
Das entranhas expostas
Quero.
Claudia Corbisier

quinta-feira, 24 de março de 2011


O rosto evapora
no traço queimado
cinza das horas
alguém disse
o cerco se fecha
a flecha dispara
o sol cochila
a noite se veste
de colombina
a máscara dança
sem rosto
na ponta da pluma
no segundo
da vírgula
gira
feito bailarina
o baile
já foi
procura
a hora
que já passou
o rosto
ficou
no confete
que virou
estrela.

Claudia Corbisier

quarta-feira, 9 de março de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

quero sim
agora sim
assim assim
vem sim
sendo sim

de mocassim
bem assim
sempre assim
lendo tintin
sonhando sim
sonho de marfim
cantando sim
na tuba sim
do Serafim
assim assim
muito afim
mesmo assim
ainda assim
foi sim
vai ser assim
sim
Claudia Corbisier

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011


Explode
eclode
o molde
o pote
vira
tira
atira
na mentira
rompe
irrompe
interrompe
ontem
avisa
avista
a pista
na lista
Voa
entoa
soa
à toa.
Claudia Corbisier

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Crônica das cruzes anunciadas

a água
cai
vai
sai
dói
mói
corrói
destrói
leva
vela
sela
traga
draga
apaga
arrasta
madrasta
alastra
engana
desengana
desampara
desespera
não espera
ninguém
Claudia Corbisier

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Vem
na hora
na toca
na maloca
na bitoca
na sacola
da mandioca
vem
no começo
no mereço
no endereço
no sem preço
no apreço
do adereço
vem
no caminho
no linho
no carinho
no finzinho
no morninho
do cantinho
vem
no segundo
no fundo
no mundo
no quanto
no manto
do pranto
vem
no passo
no laço
no compasso
no cansaço
no braço
do abraço
vem.