RETRATO
no trânsito
pela janela
no ônibus
estava ela
olhar vivo
cansado
a alça da bolsa
esgarçada
cabelo preso
meio desarrumado
jeito coorajoso
blusa velha
de banlon
assim ia
parecendo
indiferente
a todo
e qualquer
solavanco
da vida
do õnibus
do pessoal do lado
do sinal
que não abria.
BLUSA DE BANLON
CLAUDIA
CORBISIER1
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Não sei onde é/ De onde vem/ Pra onde vai/ É desasossego/ É primavera que chora as flores/ É bumba meu boi/ É sal do canto do mar/ É começo no fim/ É espanto no olho/ O cigarro que me fuma/ O cheiro que me engole/O amor se despe/ Pelo avesso/ As lágrimas que me querem/ É lua que me desatina.
Claudia Corbisier
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Risco o asfalto com o passo torto/Engulo os sonhos sem água/ Bebo o néctar na boca do mundo/ minha voz mastiga o joio e o trigo/ Me deito no minuto que já é ontem/ descombino cores/ amasso o refrão da imagem vazia/ alinhavo letras que conversam/ rezo pro santo sem cabeça/ Ajoelho no altar dos desvalidos/ costuro a vida com a linha do meu sangue.
Claudia Corbisier
Claudia Corbisier
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Desventa
O vento não calcula/ espanta a alma dos ébrios/ suga o ardor de cada gota de sangue/ esmaga o peito/ não esgota/ desemboca na ardência insondável/ volatiliza a pedra dura/ insuporta o cheio/ o nada do cheio/ o calor da alma queimada/ supura o veio de cada rio/ desmergulha na neve negra/ não quer o sercomum/ sopra nas unhas frescas/ veredito de cada nota/ mal dita/ não suga o mel/ come a abelha/ espantalho das noites suadas/ amaldiçoa o que não é/ mastiga a besta vida com a força dos inocentes.
Claudia Corbisier
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Afoita afeita afora nesse mundão, vou. Desço pelas escadas do improvável infinito. Caminho sem pé. A cabeça vai de chapéu no ônibus do sonho. Rolo pela escadaria do gesto colorido. Unidade só na umidade da terra de chuva. Palavras dançam no silêncio das flores espantadas. O corpo mora na raiz de cada segundo que o tempo derrama. Vida que captura o sim e o não.
Claudia Corbisier
sábado, 4 de setembro de 2010
Na rua não está. Na mão não cabe. Na cabeça estoura. No corpo implode. No pé sapato apertado. Cabeça sem chapéu. Suspiro que engole. Língua que encolhe. Dente morde que não corta. Brinco amassa a orelha. Ouvido na boca surda. Pupila de nariz preta. Rosto que rosna. Cabelo de cortina cobre. Dedo de anel proibido. Sempre na raiz é possível.
Claudia Corbisier
Na veia mais profunda escorre o sol das entranhas. Entranhas abertas pelo acaso. O punhal colorido implacável rasgou as vísceras. A dor grita no silêncio do corpo. De fora não vê. De dentro alucina. Sente o gosto impalpável do afeto emudecido. Não há centro. A vida rodopia. No pião colorido do terno eterno provisório.
Claudia Corbisier
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
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