sexta-feira, 2 de novembro de 2012


Afoga. O fogo. Afaga. O vento. Afunila. A dor. Afunda. A fenda. Agoniza. O amor. Ameniza. O pudor. Apura. O sabor. Alumia. A sombra. Aceita. O imponderável. Acaba. O poema.


  1. A poeira dorme do outro lado do mundo. A areia quente esconde a doçura da água. O momento se espreguiça no relógio. O sopro dá volta nas entranhas. A lágrima dança no queixo trêmulo. Do suor dos corpos vem a tempestade. As veias se derramam pelos mares do mundo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Eu vou. Volto. Acredito? Arrisco. Petisco. Saboreio? Piso. Despiso. Sinto? Vivo. Desvivo. Será?

sábado, 25 de agosto de 2012

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sou chão. Sangue. Cabelo em pé. Ouvidos roucos. Voz estalada que nem ôvo. Sou pé na estrada. Mão na contra-mão. Moleca de rua. Do olhar atento. Da alma rasgada. Da saia plissada. Do sinal aberto. Do bambolê rodando. Sou mulher comum. Média. Com pão e manteiga.

domingo, 5 de agosto de 2012

Velejando. Vou. No tempo insólito da finitude. Velas. Vidas. Vicejam. Vibrando. Na corda do violão. No meio das pernas bambas. Na taça de vinho. Vejo o imponderável. Viajo no espelho daquele olho. No caminho da caverna, descubro o atalho insuspeito do arco-íris. 

terça-feira, 31 de julho de 2012

Namoreio o céu. Despenteada. Esperneada. Aceito a mão da lua morena. Deito no colo do cometa. Entrego a vida. O destino. A sorte. O caminho cósmico. Me enrolo no cobertor das estrelas. Cadentes. Incandescentes. Galáxias moram nas minhas veias. Incendeiam corpo e alma. O infinito me pergunta - por onde é?

Queria me lançar no véu das estrelas. Seguir no mergulho insólito do cosmos que insiste. Segurar o sol com as mãos e deitá-lo na rede branca da lua quieta. Despir o mundo da roupa estranha que o desfigura. Queria segurar as palavras torpes na ponta do lápis. Engolir o fel que vem das ruas. Vestir o moço magro sem perna que dorme exausto na calçada, de alguma dignidade. Queria juntar o bem e o mal me quer. Sim. Queria tanto.

Na ponta da agulha. Sim. Doida de dor. Viver é ácido. Cada um. Cada nenhum. De joelhos a moça não reza. Estranhas entranhas remexidas. A carruagem passa indiferente. O sublime se derrama em cada flor que nasce. Sem aviso. O tropeço da ordem espanta. Há dúvida na rua que barulha. Sim. O tempo não regenera. A moça vesga vê o mundo ao contrário. De ponta cabeça. Sim. Assim.


Quero sim. Quero não. Sincopada de sonhos. Cabeça. Troncos. Membros. Pernas soltas. Braços abertos. Mãos largadas. Coração na bandeja. Olhos nublados. Ressaca de lábios mornos. Dedos sem pérolas. Escorregam. Na pele sêca. Na visita da areia, o mar chora.

Atravesso o mundo. Corro. A vida conta. Desconta. Noves fora quanto? Pessoas poucas sabem ser. Na palavra que vem. Na que não volta. São esquecíveis. Desnutridas de alma? Sigo pro porão da vida. Quem sabe lá encontro uma réstia de luz.


segunda-feira, 28 de maio de 2012

A luz vem e vai. Ilumina o canto do mundo. Toca a música do silêncio. Arde o chão. A brasa incontida viaja na veia que salta. O corpo procura o rio revolto. A luz vem e vai. O tempo brinca de criança. O sonho roda no bambolê da menina de trança. O medo partiu. A rua vazia aguarda. O acordar do dia úmido. Da esperança que descansa. Inquieta. A luz vai e vem. O mundo espera.
É noite. Sigo. Sublinho o carinho da mão amada. Esqueço as bobagens. Relevo o desimportante. Solto o freio. Devagar. As entranhas agradecem. Traço outros caminhos. Para trás é para sempre desvivido. Reconheço o contorno do mundo novo. Peço licença pros deuses do cosmos. Sigo. Rodo o pião. Visto saia plissada. Desconheço o olhar que desvia. Lanço pétalas. Voo no desespaço. Siderada. É noite. Sigo. As asas dizem amém.
No tempo do escuro 
Rodo nas luas esquecidas
Quero a boca faminta
A vida que arde
A luz acesa
De cores desconhecidas
Falta a fé
No tempo do escuro 
Brilha o calor 
De cada pequeno
Gesto
De cada
Grito
Da dor 
Emudecida
No tempo do escuro
Apago a luz
Para ver 
Tentar
Cantar
Uma canção 
De ninar