terça-feira, 31 de julho de 2012
Namoreio o céu. Despenteada. Esperneada. Aceito a mão da lua morena. Deito no colo do cometa. Entrego a vida. O destino. A sorte. O caminho cósmico. Me enrolo no cobertor das estrelas. Cadentes. Incandescentes. Galáxias moram nas minhas veias. Incendeiam corpo e alma. O infinito me pergunta - por onde é?
Queria me lançar no véu das estrelas. Seguir no mergulho insólito do cosmos que insiste. Segurar o sol com as mãos e deitá-lo na rede branca da lua quieta. Despir o mundo da roupa estranha que o desfigura. Queria segurar as palavras torpes na ponta do lápis. Engolir o fel que vem das ruas. Vestir o moço magro sem perna que dorme exausto na calçada, de alguma dignidade. Queria juntar o bem e o mal me quer. Sim. Queria tanto.
Na ponta da agulha. Sim. Doida de dor. Viver é ácido. Cada um. Cada nenhum. De joelhos a moça não reza. Estranhas entranhas remexidas. A carruagem passa indiferente. O sublime se derrama em cada flor que nasce. Sem aviso. O tropeço da ordem espanta. Há dúvida na rua que barulha. Sim. O tempo não regenera. A moça vesga vê o mundo ao contrário. De ponta cabeça. Sim. Assim.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
A luz vem e vai. Ilumina o canto do mundo. Toca a música do silêncio. Arde o chão. A brasa incontida viaja na veia que salta. O corpo procura o rio revolto. A luz vem e vai. O tempo brinca de criança. O sonho roda no bambolê da menina de trança. O medo partiu. A rua vazia aguarda. O acordar do dia úmido. Da esperança que descansa. Inquieta. A luz vai e vem. O mundo espera.
É noite. Sigo. Sublinho o carinho da mão amada. Esqueço as bobagens. Relevo o desimportante. Solto o freio. Devagar. As entranhas agradecem. Traço outros caminhos. Para trás é para sempre desvivido. Reconheço o contorno do mundo novo. Peço licença pros deuses do cosmos. Sigo. Rodo o pião. Visto saia plissada. Desconheço o olhar que desvia. Lanço pétalas. Voo no desespaço. Siderada. É noite. Sigo. As asas dizem amém.
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